Point da Psicanálise – por Profª. Dra. Cléo Palácio
Um espaço de pausa, reflexão e reencontro consigo.
Aqui, a psicanálise ganha voz viva,
coração pulsante e linguagem acessível.Cada texto nasce do diálogo entre emoção
e pensamento, entre ciência e alma. Este é o Point da Psicanálise, o ponto de
encontro entre a teoria e a vida, onde o inconsciente é visto não como mistério
distante, mas como o mapa interno das nossas escolhas, dores e renascimentos. A
cada nova leitura, um convite: sentir, compreender, transformar.
Reflexões escritas por Profª. Dra. Cléo Palácio –
CMP Palácio Desenvolvimento Humano, Educacional e Profissional.
Consciente, Inconsciente e
Pré-consciente: o mapa interno da mente segundo a Psicanálise. Freud acreditava
que a mente humana é como um iceberg: o que vemos é apenas a ponta. A maior
parte está submersa, silenciosa, mas ativa, moldando pensamentos, emoções e
escolhas.
Compreender o consciente, o
pré-consciente e o inconsciente é compreender os três andares dessa estrutura
psíquica. É enxergar como o passado vive dentro do presente e como o invisível
governa o visível.
O Consciente: a superfície iluminada
O consciente é o território daquilo que
sabemos que sabemos. É onde acontecem as percepções, as ideias, as decisões e o
que podemos nomear com clareza. Freud o descreveu como o espaço da razão e da
atenção, aquele que lida com a realidade externa e organiza as experiências do
dia a dia. Mas a consciência, segundo ele, é passageira. Ela surge e desaparece
como uma luz que pisca, registra, compreende e apaga. Nada nela é fixo; tudo é
fluxo. Por isso, Freud comparava o consciente a uma “lousa mágica”: escreve,
apaga e escreve de novo. O essencial, o que realmente nos define, costuma ficar
guardado em outro lugar, mais profundo.
O Pré-consciente: o corredor entre dois mundos
Entre o claro e o escuro, existe um
espaço intermediário, o pré-consciente. É ali que repousam memórias,
lembranças, nomes e sentimentos que não estão presentes agora, mas que pode emergir
facilmente quando evocamos. É o que acontece, por exemplo, quando lembramos o
nome de alguém após alguns segundos de esforço.
O pré-consciente
funciona como um filtro protetor, um mediador entre o inconsciente e a
consciência. Ele decide o que pode ou não chegar à superfície. Nem tudo pode
emergir livremente, há censuras internas, defesas e limites. Esse mecanismo,
embora pareça rígido, é essencial para o equilíbrio psíquico. Sem ele,
viveríamos em constante invasão de conteúdos dolorosos.
O Inconsciente: o subterrâneo pulsante da mente
É no inconsciente que habitam as emoções
reprimidas, os desejos negados, as dores não resolvidas e as lembranças que
preferimos esquecer. Freud mostrou que o inconsciente é ativo, dinâmico e
criativo. Ele se manifesta através dos sonhos, lapsos de linguagem, sintomas,
esquecimentos e repetições. Nada no inconsciente é casual.
Quando o corpo fala por meio de um
sintoma, ou quando repetimos padrões de escolha, é ele que está tentando dizer
algo. O inconsciente é a parte da mente que fala sem palavras, mas que deseja
profundamente ser escutada. Para Freud, compreender o inconsciente é compreender
o que não se mostra. É abrir a escuta para os silêncios. É olhar o invisível,
e, nesse olhar, curar o que antes apenas doía.
A ponte entre os três níveis
Essas três instâncias, consciente,
pré-consciente e inconsciente, não são partes isoladas, mas sistemas em
constante diálogo. O consciente observa, o pré-consciente seleciona, e o
inconsciente cria. Juntas, elas formam um circuito de energia e significado que
molda quem somos. Em cada escolha, há algo consciente; em cada emoção, algo
pré-consciente; e em cada medo ou desejo, uma raiz inconsciente. A psicanálise
nos ensina que não há cura sem escuta, e que escutar o inconsciente é o início
de toda transformação real.
Conclusão
Conhecer a própria mente é um gesto de
coragem. Olhar o inconsciente é encarar os espelhos que evitamos, é acolher
partes esquecidas e permitir que elas falem. A psicanálise nos mostra que não
existe separação entre razão e emoção, mas um diálogo constante entre o que
sabemos, o que sentimos e o que ainda não conseguimos dizer. No fim,
compreender o consciente, o pré-consciente e o inconsciente é compreender a
própria humanidade essa mistura bela e contraditória de luz e sombra, memória e
desejo, dor e criação.
Referências inspiradoras:
FREUD, Sigmund.
A Interpretação dos Sonhos. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
ROUDINESCO,
Elisabeth; PLON, Michel. Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar,
1998.
LACAN, Jacques.
O Seminário, Livro 11: Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise. Rio de
Janeiro: Zahar, 1985.
Point da Psicanálise
Encerrar um texto é como respirar fundo
depois de uma escuta profunda. Cada reflexão aqui é um convite para se olhar
com mais ternura, para compreender o que antes apenas doía, e, quem sabe, transformar. A psicanálise nos
ensina que todo sentir é também um saber, e que compreender o inconsciente é
abrir espaço para o florescer da consciência. Se cada leitura te fizer pensar,
sentir e cuidar de si com mais gentileza, então este Point cumpriu o seu
propósito.
Texto adaptado e comentado por Profª. Dra. Cléo
Palácio – CMP Palácio Desenvolvimento Humano, Educacional e Profissional.
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semanais sobre mente, afeto e sentido de existir.